Recebi esse depoimento do jornalista Fabricio Mazocco, que mora em São Carlos (SP). Fabrício escreveu esse texto em homenagem ao aniversário do Augusto Licks. Este depoimento me lembrou de quando eu me correspondia com o Augusto na época do O Papa é Pop. Augusto, parabéns e força neste dia.
Já declarei anteriormente: sou um réu-confesso da música, especificamente do rock nacional dos anos 80 e de forma especial ao grupo gaúcho Engenheiros do Hawaii. Relatei a primeira vez que fui a um show da banda, dia 28 de setembro de 1990.
Lembro das discussões que tinha alguns amigos no final dos anos 80 e início dos 90 (sim, as discussões não duravam apenas um final de semana) que defendiam a Legião Urbana e eu os Engenheiros do Hawaii.Vendo hoje parece bobagem, mas não era. Aprendemos muito com os argumentos.
A banda me fascinou sob diversos aspectos. Claro que sabia dos seus “defeitos”, mas guardava-os comigo (por outro lado, os críticos explicitavam). Os membros eram tão diferentes que se completavam. Eu tinha a impressão de uma “arrogância” do Gessinger, do estilo “desencanado” do Maltz e da “seriedade” do Licks – falo dessa formação que de longe é a melhor e de maior representação.
Augusto Licks, que aniversaria neste dia 28 de maio, entrou na banda no segundo disco “A Revolta dos Dândis”, o álbum que marcou a virada da banda em termos de estilo e que marcou sua entrada no time A do rock Brasil. Nos shows que fui daquela formação ficava impressionado com a concentração do guitarrista durante todo o show. Certa vez em uma entrevista ele disse que se vestia no show tal como fazia para ir as missas. Dá-lhe orações!
O guitarrista Licks existe antes dos Engenheiros do Hawaii. Já era conhecido da cena musical gaúcha junto com Nei Lisboa. Ingressou nas ideias de Gessinger e Maltz em 1987, ou foi “sequestrado” como disse em uma entrevista em 1990. Sorte nossa do sequestro; caso contrário somente os pampas saberiam de Licks e não o país todo.
Certa vez, lá em 1991, eu escrevi uma carta para a gravadora BMG, endereçado aos Engenheiros do Hawaii (naquele tempo não existia e-mail – acreditem!!!). A resposta era um texto impresso padrão, com a assinatura do Licks. Que honra, mas sabia que poderia mais. Escrevi novamente e desta vez um cartão postal, inteiramente escrito com a letra do Licks e junto uma palheta com uma engrenagem raspada com algum objeto cortante!! Licks, parabéns e obrigado por ter embalado até hoje minha vida com sua guitarra!!
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